Parceria com irmão garante os 26 títulos da carreira de Marcelo Melo

Daniel, Kubot e Melo na conquista em Madri (Foto: Divulgação)
Há 10 anos, os irmãos Marcelo e Daniel Melo disputam, juntos, os mais diversos torneios do circuito de tênis. Não como dupla. Mas, sem dúvida, como parceiros. É que desde 2007, Daniel é o treinador de Marcelo, levando para dentro da quadra a confiança e o respeito que já existia fora da rotina de treinos e competições. Uma parceria de sucesso que soma, ao longo desse período, nada menos do que todos os 26 títulos conquistados por Marcelo em sua carreira, além do primeiro lugar no ranking mundial individual de duplas, alcançado em 2015.

Marcelo Melo, desde o início deste ano, joga ao lado do polonês Lukasz Kubot. Eles foram campeões do Ricoh Open, na Holanda, dia 17 deste mês, e do Gerry Weber Open, na Alemanha, neste domingo (25), títulos inéditos na grama na carreira do brasileiro, somando agora quatro conquistas no ano – venceram também os ATP 1000 de Miami e Madri. Marcelo tem 26 campeonatos na carreira – recordista entre os brasileiros ao lado de Bruno Soares -, vê cada vez mais consolidada a liderança da dupla no ATP Doubles Team Race to London e é terceiro no ranking mundial individual de duplas. Momento especial, mais uma vez, comemorado em parceria com o irmão e treinador Daniel.

“Desde quando comecei com Daniel, nós deixamos claro que seria muito importante ter respeito um pelo outro, sabendo separar a família, o irmão, do trabalho no tênis. Eu acho que conseguimos fazer isso muito bem e é um dos motivos de estarmos há 10 anos juntos. E, com certeza, é muito bom você viajar sempre com um familiar por perto, nós que ficamos muito tempo fora de casa. Ele também foi jogador de tênis e sabe disso. Realmente ajuda muito em todos os aspectos e, no lado pessoal, entende mais a minha cabeça, como é meu comportamento em casa, dentro e fora de quadra, temos mais liberdade de conversar sobre as coisas que estão acontecendo”, afirma Marcelo.

Uma opinião compartilhada por Daniel. “Nossa parceria é muito boa, de confiança e respeito dentro e fora da quadra. Como irmãos, às vezes, temos nossas desavenças, o que é natural, não é? Mas, esses 10 anos juntos, esse entendimento, tudo o que temos construído, nos dá conforto para trabalhar tranquilos em busca de conquistas, de vitórias e títulos”, garante Daniel, seis anos mais velho que o irmão Marcelo, que está com 33.

Marcelo e Daniel têm uma rotina de muito trabalho ao longo da temporada. “O Marcelo faz uma hora e meia de preparação física por dia e treina, em média, três horas. Tem a rotina de torneios, do calendário. Assim, eu estou sempre viajando com ele. Não é full time, todas as semanas do ano, mas sempre que possível e necessário estou junto, assim como nos jogos da Copa Davis, como auxiliar na equipe brasileira. Temos convivido bastante esse tempo todo. Conseguindo evoluir sempre e conquistando resultados”, observa Daniel.

Título em Roland Garros é inesquecível – Daniel relembra um pouco do que já viveram no tênis. “Conquistamos bastante coisa desde que ele venceu seu primeiro ATP. Sem dúvida, o título mais importante foi o de Roland Garros, em 2015. O Grand Slam de Paris é inesquecível para os brasileiros, com as vitórias do Gustavo Kuerten, e o Marcelo ter ganho lá também, em duplas, foi muito especial. Mas, mais do que os títulos, acho que o que conquistamos de mais importante como parceiros foi ele ser o primeiro brasileiro a alcançar o posto de número 1 do mundo em duplas. Eu lembro disso como uma das coisas mais marcantes, por enquanto, da nossa história”.

Antes da parceria como jogador e técnico, Marcelo e Daniel chegaram a se enfrentar – em apenas duas ocasiões – e, também a jogar juntos alguns torneios. Depois, foi em conjunto que tomaram a decisão de Marcelo passar a se dedicar às duplas.

“Ele é um grande voleador, um ótimo sacador, é alto, cobre muito bem a rede. Então foi uma decisão que deu bastante certo, tomada quando ele tinha de 23 para 24 anos. Graças a Deus, desde então, vem jogando bem, tendo excelentes resultados”, explica Daniel.

“Marcelo vem crescendo, evoluindo em todas as suas técnicas, inclusive hoje é um melhor devolvedor e, agora, com essa experiência de circuito, já vem há alguns anos terminando entre os top 10, sempre obtendo títulos expressivos. É continuar evoluindo sempre, porque todo dia temos de buscar isso, para tentar competir da melhor forma possível no alto rendimento”, completa.

Uma evolução que tem sido mostrada pela dupla Melo e Kubot. “Eles conquistaram dois títulos, em 2015 e 2016, no ATP 500 de Viena, e depois conversaram e decidiram jogar juntos este ano. No primeiro trimestre estavam se encontrando ainda, mas agora estão no caminho certo e puderam comemorar os títulos deste ano, sendo a dupla ATP com mais pontos em 2017. Uma parceria que se encaixou e que vem jogando bem, com regularidade”.

Daniel parou de jogar após 10 anos como tenista profissional, depois de uma lesão no menisco. “Eu precisei me recuperar e aí não consegui voltar tão bem. E, também, comecei a ficar mais velho, tentando focar em outra coisa, pensando na minha vida, que acabou resultando em nossa parceria. Isso junto com um grande apoiador, a partir do final de 2007, que é a Centauro, desde então dando suporte para o nosso time”. Marcelo tem o patrocínio de Centauro, BMG e Itambé, com apoio da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

Dois títulos na grama antes de Wimbledon – O Ricoh Open, ATP 250, na Holanda, marcou o início da série de disputas em grama da dupla Marcelo Melo e Lukasz Kubot como preparação para o torneio de Wimbledon 2017, terceiro Grand Slam da temporada, a partir do dia 3 de julho, em Londres, na Inglaterra. Depois, eles participaram do Gerry Weber Open – ATP 500, na cidade de Halle, na Alemanha, também na grama. O saldo não poderia ser melhor, com a comemoração de dois títulos e muita confiança da dupla número um do mundo para a estreia em Wimbledon na próxima semana.

Nesta temporada, com Kubot, Melo soma 28 vitórias, incluindo a 400ª da carreira, obtida na estreia em Roland Garros, e os títulos de dois Masters 1000 – Miami e Madri –, o ATP 250 da Holanda e o ATP 500 na Alemanha. Ao lado de Bruno Soares, é o brasileiro com mais títulos na carreira, com 26 conquistas. Ele também lidera no número de títulos em Masters 1000. Em Madri chegou ao sétimo, depois de ganhar Shangai (2013 e 2015), Paris (2015), Toronto (2016), Cincinnati (2016) e Miami (2017).

A dupla é líder do ATP Doubles Team Race to London, que define as oito melhores parcerias de 2017 para disputar o ATP Finals, somando 4160 pontos e abrindo 810 pontos à frente da dupla segunda colocada, Henri Kontinen (FIN) e John Peers (AUS), com 3350.

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